sexta-feira, 11 de junho de 2010

ALUNOS, PROFESSORES, EDUCAÇÃO E ELEIÇÕES

Sempre que finda uma greve de professores, diversas pessoas comentam que os mais prejudicados com a greve são os alunos, e que eles não terão condições de enfrentar os vestibulares nos meses de novembro e dezembro.

Parece que estas mesmas pessoas esquecem que a culpa do fracasso dos nossos alunos nos concursos da vida não é apenas dos professores grevistas, a culpa é principalmente do modelo de política educacional que prefeitos, governadores e presidentes têm adotado ao longo dos sucessivos mandatos.

Infelizmente, nossos governantes (legislativo e executivo), e com poucas exceções, tem preferido “investir” em obras que causam impacto aos olhos (praças e asfalto, por exemplo), ao invés de investir no maior bem que o Estado (lato sensu) pode oferecer ao seu povo: educação de qualidade.

Ser professor, nos dias atuais, é mais que uma escolha profissional, é a certeza de conviver diariamente com prédios sucateados, baixa remuneração, ferramentas arcaicas (quadro-negro e giz, por exemplo) e violência cada vez maior e constante no interior das escolas.

Qual a consequência disso? É cada vez maior, entre os que já atuam como educadores, o desestímulo em continuar na profissão. E é ainda maior o desânimo dos jovens em procurar um curso de Licenciatura.

Pesquisa recente ouviu 1.501 alunos do 3º ano em 18 escolas públicas e privadas de oito cidades, e apenas 2% dos jovens almejam cursar Pedagogia ou alguma Licenciatura. Estimativas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revelam que no Brasil há um déficit de 710 mil professores nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

Mas para não fugir do nosso contexto, basta citar o último PSS da UFPA, onde foram ofertadas 80 vagas (extensivo e intensivo) para o curso de Licenciatura em Matemática em Marabá, e tiveram apenas 85 inscritos, que resultou em 7 aprovados. Ou ainda o curso de Licenciatura em Letras, com 54 candidatos disputando 40 vagas, e apenas 7 aprovados. E para finalizar os exemplos, cito a minha turma de Licenciatura em Matemática, que formou 26 profissionais em 2006. Desse total, hoje apenas nove estão atuando como professor, e desses nove, quase todos estudam para ter outro posto de trabalho, mas que seja longe da sala de aula.

Enfim, mais uma eleição se aproxima, e novamente serão apresentadas “promessas, propostas e soluções” para termos uma educação de qualidade, mas findado o prazo eleitoral, as mesmas “promessas, propostas e soluções” cairão no esquecimento dos eleitos, e só retornarão daqui a dois e daqui a quatro anos. E quem sofrerá com isso não serão apenas os alunos, será toda a sociedade, pois se as políticas públicas e os investimentos em educação continuarem como estão, em poucos anos sequer teremos profissionais para assumir as salas de aula e transmitir conhecimentos para nossas crianças, jovens e adultos.

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