sábado, 9 de outubro de 2010

Um prêmio à resistência

Condenado a 11 anos de prisão desde 2008, por advogar pela liberdade de expressão e por eleições livres na China, o dissidente Liu Xiaobo foi escolhido, ontem, pelo Parlamento da Noruega para receber o Prêmio Nobel da Paz de 2010. A premiação, que o governo chinês qualificou de obscenidade, recoloca em debate na comunidade internacional a questão da democracia, dos direitos humanos e da liberdade de expressão no país mais populoso do mundo, que neste ano assumiu a condição de segunda potência econômica do planeta.

A perseguição sofrida pelo professor Xiaobo, encarcerado por delito de opinião e mantido incomunicável, é o próprio símbolo de uma postura antiquada de um regime que não respeita as liberdades e que não consegue conviver com a dissidência. O sucesso econômico não pode esconder essa realidade. E a postura chinesa em relação a qualquer ideia política divergente não deixa de ser uma confissão de temor diante da democracia e de fracasso das instituições na promoção de direitos que, há três séculos, são quase unanimemente considerados como avanços na convivência humana.

Por isso, o gesto dos eleitores do Nobel, além do significado político evidente, se instala como um alerta para o que significa uma nação de regime político fechado, que pode colocar o gigantismo de sua economia para encobrir políticas autoritárias, falta de transparência nas decisões internas e internacionais e o evidente desrespeito aos direitos humanos, fato que a própria decisão do Nobel enfatiza e que a reação oficial da China confirma. Não há justificativa para a manutenção nos cárceres chineses por delito de opinião.

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