segunda-feira, 28 de junho de 2010

A disputa pelo apoio da Dilma

Lendo a reportagem sobre o apoio da Dilma (PT) a dois candidatos ao governo da Bahia, Jaques Wagner (PT) e Gedel (PMDB), fico vendo o quanto as pessoas se sujeitam a acordos em troca de poder.

Ora, se na Bahia há um candidato ao governo que é do PT, não seria mais do que coerente de que a presidenciável apoiasse apenas ele.

Mas podem dizer que não estou levando em conta o fato de que o candidato a vice na chapa de Dilma é do PMDB, então a Dilma também deve apoiar o candidato do PMDB na Bahia.

Acontece que no Brasil há tantos partidos, e o pior de tudo, há tanto jogo de interesse (que não é política), que os candidatos se sujeitam a isso. Se sujeitam a disputar o apoio de um(a) único(a) candidato(a).

Penso que o melhor seria que aqui no Brasil existissem no máximo cinco partidos. Só assim, cada partido teria seus próprios candidatos, e assim não haveria essa confusão e esse jogo de interesses tão discarado.

Mas, o futuro todos sabemos. Ou seja, no próximo ano haverá mais uma enxurrada de loteamento de cargos.

Que pena, mas isso ainda é Brasil.

sábado, 26 de junho de 2010

Como falar bonito sem dizer absolutamente nada! Ou seja, "embromation"


Escolha um item em cada coluna:

Coluna 1
Coluna 2
Coluna 3
Coluna 4
Caros colegas,
a execução deste projeto
nos obriga a análise
das nossas opções de desenvolvimento futuro.
Por outro lado,
a complexidade dos estudos efetuados
cumpre um papel essencial na formulação
das nossas metas financeiras e administrativas.
Não podemos esquecer que
a atual estrutura de organização
auxilia a preparação e a estruturação
das atitudes e das atribuições da diretoria.
Do mesmo modo,
o novo modelo estrutural aqui preconizado
contribui para a correta determinação
das novas proposições.
A prática mostra que
o desenvolvimento de formas distintas de atuação
assume importantes posições na definição
das opções básicas para o sucesso do programa.
Nunca é demais insistir que
a constante divulgação das informações
facilita a definição
do nosso sistema de formação de quadros.
A experiência mostra que
a consolidação das estruturas
prejudica a percepção da importância
das condições apropriadas para os negócios.
É fundamental ressaltar que
a análise dos diversos resultados
oferece uma boa oportunidade de verificação
dos índices pretendidos.
O incentivo ao avanço tecnológico, assim como
o início do programa de formação de atitudes
acarreta um processo de reformulação
das formas de ação.
Assim mesmo,
a expansão de nossa atividade
exige precisão e definição
dos conceitos de participação geral.
 


Agora escolha um número de 3 dígitos e veja as palavras correspondentes na tabela:
 

 
Coluna 1
Coluna 2
Coluna 3
0 – programação
0 – funcional
0 – sistemática
1 – estratégia
1 – operacional
1 – integrada
2 – mobilidade
2 – dimensional
2 – equilibrada
3 – planejamento
3 – transacional
3 – totalizada
4 – dinâmica
4 – estrutural
4 – insumida
5 – flexibilidade
5 – global
5 – balançada
6 – implementação
6 – direcional
6 – coordenada
7 – instrumentação
7 – opcional
7 – combinada
8 – retroação
8 – central
8 – estabilizada
9 – projeção
9 – logística
9 – paralela


Para se dar bem mesmo é só relacionar as frases obtidas em cada tabela e abusar da fala pausada. Essa é a receita do sucesso! Um exemplo:


É fundamental ressaltar que a complexidade dos estudos efetuados facilita a definição dos índices pretendidos, assim como aborta muito bem a teoria da dinâmica global coordenada.
 



sexta-feira, 25 de junho de 2010

Perseguição política: o velho discurso!

O Prefeito Maurino Magalhães afirmou em entrevista a um jornal da cidade que as vaias que recebeu durante o evento da ALPA, que contou com a presença do Presidente Lula, é "perseguição política". Ele disse que ainda há pessoas que não aceitam que um pobre possa chegar ao comando da Prefeitura de um município como Marabá.

Ora Prefeito, vamos parar com esse discurso antiquado da época da ditadura militar!!!???

Essa história de perseguição política é um discurso ultrapassado. São palavras de quem não tem como justificar sua incapacidade administrativa ou de quem não tem justificativa para seus erros.

Grande parte dos que vaiaram o prefeito Maurino votaram nele há menos de dois anos. Portanto, não há nada de perseguição política.

O que de fato a população quer, e principalmente os servidores, é serem tratado com respeito e dignidade.

Como pode a administração dizer que só pode dar um aumento, porque mais ferirá a tão invacada Lei de Responsabilidade Fiscal, e meses depois (estou me referindo ao ano de 2009) conceder aumentos de mais de 100% para determinados servidores?

Isto sim, é que é perseguição. Mas não política, e sim administrativa.

No caput do art. 37 de nossa Constituição há cinco princípios básicos que devem ser observados pela administração: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência. Não é a toa que esses cinco princípios são chamadas, no mundo dos concursos, de LIMPE.

Em nossa administração municipal, percebe-se claramente que os princípios da impessoalidade e eficiência não estão sendo observados.

Portanto Prefeito, é hora de assumir a culpa pela má administração, e deixar esse discurso ultrapassado de lado.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

ALUNOS, PROFESSORES, EDUCAÇÃO E ELEIÇÕES

Sempre que finda uma greve de professores, diversas pessoas comentam que os mais prejudicados com a greve são os alunos, e que eles não terão condições de enfrentar os vestibulares nos meses de novembro e dezembro.

Parece que estas mesmas pessoas esquecem que a culpa do fracasso dos nossos alunos nos concursos da vida não é apenas dos professores grevistas, a culpa é principalmente do modelo de política educacional que prefeitos, governadores e presidentes têm adotado ao longo dos sucessivos mandatos.

Infelizmente, nossos governantes (legislativo e executivo), e com poucas exceções, tem preferido “investir” em obras que causam impacto aos olhos (praças e asfalto, por exemplo), ao invés de investir no maior bem que o Estado (lato sensu) pode oferecer ao seu povo: educação de qualidade.

Ser professor, nos dias atuais, é mais que uma escolha profissional, é a certeza de conviver diariamente com prédios sucateados, baixa remuneração, ferramentas arcaicas (quadro-negro e giz, por exemplo) e violência cada vez maior e constante no interior das escolas.

Qual a consequência disso? É cada vez maior, entre os que já atuam como educadores, o desestímulo em continuar na profissão. E é ainda maior o desânimo dos jovens em procurar um curso de Licenciatura.

Pesquisa recente ouviu 1.501 alunos do 3º ano em 18 escolas públicas e privadas de oito cidades, e apenas 2% dos jovens almejam cursar Pedagogia ou alguma Licenciatura. Estimativas do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) revelam que no Brasil há um déficit de 710 mil professores nas séries finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

Mas para não fugir do nosso contexto, basta citar o último PSS da UFPA, onde foram ofertadas 80 vagas (extensivo e intensivo) para o curso de Licenciatura em Matemática em Marabá, e tiveram apenas 85 inscritos, que resultou em 7 aprovados. Ou ainda o curso de Licenciatura em Letras, com 54 candidatos disputando 40 vagas, e apenas 7 aprovados. E para finalizar os exemplos, cito a minha turma de Licenciatura em Matemática, que formou 26 profissionais em 2006. Desse total, hoje apenas nove estão atuando como professor, e desses nove, quase todos estudam para ter outro posto de trabalho, mas que seja longe da sala de aula.

Enfim, mais uma eleição se aproxima, e novamente serão apresentadas “promessas, propostas e soluções” para termos uma educação de qualidade, mas findado o prazo eleitoral, as mesmas “promessas, propostas e soluções” cairão no esquecimento dos eleitos, e só retornarão daqui a dois e daqui a quatro anos. E quem sofrerá com isso não serão apenas os alunos, será toda a sociedade, pois se as políticas públicas e os investimentos em educação continuarem como estão, em poucos anos sequer teremos profissionais para assumir as salas de aula e transmitir conhecimentos para nossas crianças, jovens e adultos.

(IN)ACESSIBILIDADE

A CF/1988 declara no art. 23, caput e inciso II, que “é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios cuidar da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência”. Já no art. 224, diz que “a lei disporá sobre a adaptação dos logradouros, dos edifícios de uso público e dos veículos de transporte coletivo atualmente existentes a fim de garantir acesso adequado às pessoas portadoras de deficiência”. Por fim, enuncia o art. 203, caput e inciso IV, que “a assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos a habilitação e reabilitação das pessoas portadores de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária.” Temos então o que diz a nossa Constituição, que é a Lei das leis da República Federativa do Brasil.

No entanto, parece que Marabá não pertence ao Estado Brasileiro, visto que aqui não há integração das pessoas portadoras de deficiência, como preceitua a Constituição. Para comprovar, basta qualquer pessoa analisar o serviço de transporte coletivo desta cidade, onde não há um único ônibus “adaptado” para cadeirantes. Fora isso, raríssimas de nossas repartições públicas oferecem acessibilidade. Prova disso, basta ir ao prédio do SACI. Ali é necessário um esforço descomunal para vencer aquelas rampas. Um obstáculo (quase) intransponível para deficientes, grávidas e idosos.

Enfim, nossa cidade não tem uma política de desenvolvimento urbano que garanta o bem-estar de seus habitantes (ferindo o art. 182 da CF/88), além de desrespeito total a cláusulas pétreas de nossa Carta Magna, como: dignidade da pessoa humana (art. 1º, III); construção de uma sociedade livre, justa e solidária (art. 3º, I); e livre locomoção no território nacional em tempo de paz (art. 5º, XV).

sexta-feira, 4 de junho de 2010

DOIS CRIMES, DUAS REPERCUSSÕES

Publicado no Jornal Correio do Tocantins - 03/06/2010 - Caderno 1 - Página 2
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Preceitua a Carta Magna de 1988 no caput do art. 5° que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Já o inciso III do art. 5° diz que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante”. E mais, o art. 5°, inciso X, estabelece que a honra e a imagem das pessoas são invioláveis, e que é assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Por fim, o inciso II do art. 4° da CF enuncia que é um princípio da República Federativa do Brasil a prevalência dos direitos humanos.

Analisando os dispositivos constitucionais retromencionados, pude acompanhar nesta semana dois casos que aconteceram na Capital de nosso Estado: (i) o caso do “baculation” nos adolescentes e (ii) o caso de uma bancária tendo os cabelos puxados, sob a mira de um revólver, por um adolescente que havia tentado assaltá-la.

O primeiro caso tem repercutido nos jornais de Estado, assim como ganhou espaço em diversos telejornais e noticiários de outras unidades da federação. Já o segundo foi matéria de capa de O Liberal e do Diário do Pará desta quarta-feira, 02/06/2010, mas amanhã já terá caído no esquecimento.

Claro que o caso do “baculation” é uma afronta às regras jurídicas, ao Estado Democrático de Direito, à imagem, à honra e à intimidade dos jovens. E os responsáveis devem ser punidos – administrativa, civil e penalmente – com o rigor que a Lei determina.

Mas ao caso da bancária também deve ser dado uma resposta do Estado, com a solução imediata, e mesmo a punição dos adolescentes, dos problemas sociais que levam à crescente onda de violência que tem assolado o Pará nos últimos anos, pois tem sido cada vez mais constante a invasão de casas, comércios e veículos, com as vítimas sendo reféns, e os bandidos ainda fazendo pedidos inusitados (picolé e refrigerante, por exemplo) para aceitarem negociar.

Enfim, vemos na prática que só determinados casos ganham a mídia nacional, enquanto outros continuam no esquecimento. E isto é um trocadilho ao famoso adágio: dois pesos e duas medidas.